terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lágrima de Preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterelizado.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígio de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

2 comentários:

  1.  
     
     Porque a lágrima não tem cor?

    Enquanto chorava, me pus a pensar.
    Se fosse vermelha como sangue,
    as minhas vestes poderiam manchar.
    Se a lágrima fosse amarela, a cor da alegria,
    expressar tristeza jamais poderia.
    Se fosse azul, a cor da serenidade,
    eu não choraria jamais. Seria só tranqüilidade.
    Se fosse branca, como pétalas de rosas,
    não seriam lágrimas... Mas pérolas preciosas.
    Ainda mais uma vez fiquei me questionando...
    Porque a lágrima não tem cor?
    Se ela fosse preta só expressaria o horror?
    Por que será que a lágrima não tem cor?
    A lágrima não tem cor... Porque nem sempre exprime dor.
    E se ela fosse roxa,
    como poderia expressar a alegria?
    As lágrimas não têm cor porque são expressões da alma.
    Quando o espírito está chorando o coração diz: tenha calma!
    Se a lágrima tivesse cor deveria ter a cor do amor.
    Ou mesmo a cor da paixão que às vezes invade o coração.
    Ou talvez a cor da tristeza que abala a alma e tira a calma.
    Mas faz em meu ser uma limpeza.
    Se a lágrima tivesse cor poderia
    ser vermelha como o sangue.
    A lágrima não tem cor porque
    ela nos aproxima do nosso Criador.
    Se a lágrima tivesse cor eu só iria chorar de alegria.
    Mas, e a lágrima da saudade? De que cor ela seria?
    E a lágrima da decepção, de que cor seria então?
    Se a lágrima tivesse cor deveria ter a cor de um brilhante.
    Como a lágrima é preciosa Deus deu-lhe a cor do diamante.

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  2. Lu, adoro estte texto, e acho que vai bem com a imagem que escolheste aqui:

    Um dia semeaste o nascer do sol na palma
    da minha mão e, sorrindo, disseste-me que o
    tinhas escolhido para me dar por ser o que de
    mais parecido encontraras com o meu sorriso.

    Nesse momento, inventei uma lágrima azul,
    e chorei-a, para ta poder dar...

    Não querias!...
    Pensavas que te entristeceria, mas eu lembrei-te
    que era apenas o que eu possuía de mais parecido com o mar!
    E tu soubeste que era força, magia e amor o que eu queria dar!

    Depositaste, então, essa lágrima nos teus lábios e,
    fundindo nos meus olhos o teu olhar, pediste-me que
    te beijasse suavemente para que a pudesses guardar...

    Desde então, a cada nascer do sol, sabem-te
    os teus lábios a sal... o sal de uma lágrima
    vestida de barco que não sabe naufragar!...

    Cristina Fidalgo, in "Dos meus lábios nasce a noite".

    Beijos, moça.

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