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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Minha senhora de mim


Comigo me desavim

minha senhora de mim

sem ser dor ou ser cansaço

nem o corpo que disfarço.

Comigo me desavim

minha senhora de mim

nunca dizendo comigo

o amigo nos meus braços.

Comigo me desavim

minha senhora de mim

recusando o que é desfeito

no interior do meu peito.




domingo, 5 de julho de 2009

Minha Sangria


Eu sou uma mulher
que sempre achou bonito
menstruar.
Os homens vertem sangue por doença
sangria
ou por punhal cravado,
rubra urgência
a estancar
trancar
no escuro emaranhado
das artérias.
Em nós o sangue aflora
como fonte
no côncavo do corpo
olho-d'água escarlate
encharcado cetim que escorre
em fio.
Nosso sangue se dá
de mão beijada
se entrega ao tempo
como chuva ou vento.
O sangue masculino
tinge as armas e
o mar
empapa o chão
dos campos de batalha
respinga nas bandeiras
mancha a história.
O nosso vai colhido
em brancos panos
escorre sobre as coxas
benze o leito
manso sangrar sem grito
que anuncia
a ciranda da fêmea.
Eu sou uma mulher
que sempre achou bonito
menstruar.
Pois há um sangue
que corre para a Morte.
E o nosso
que se entrega para a Lua.