sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lapidando




O que lapida pedras, trabalho tem com ela;
e o que corta lenha, ao cortá-la correrá seus riscos.

A singularidade é um tesouro que não se esgota. Constantemente, vivemos a aventura de desvendar nossos territórios. É como se todos os dias fizéssemos uma caminhada pelo espaço onde está localizada nossa casa, e sempre descobríssemos lugares nunca antes percebidos. Uma vez descoberto, o território passa a incorporar o que somos. Olhamos e dizemos: isso é meu! Isso sou eu! Descobrir não é inventar. Nós já estamos em nós; o único esforço é descobrir o que somos. Enquanto estivermos vivos estaremos constantemente aumentando a nossa propriedade. estaremos nos aventurando no duro processo de autoconhecimento, desbravando fronteiras, retirando as travas das porteiras que nos impedem de ir além do que já pudemos avançar em nós.
Cada pessoa é uma propriedade já entregue, isto é dada a si mesma, mas ainda precisa ser "lapidada". É como se pudéssemos reconhecer: "Eu já sou meu, mas preciso me lapidar", porque, embora eu tenha a escritura nas mãos, ainda não conheci a propriedade que a escritura me assegura possuir.  Aos poucos, vamos tomando posse, retirando lacres, descobrindo detalhes. A aventura constante da busca, dá-se como resultado a disposição de si e o que dispõe de si estabele relações. Depois de assumida a propriedade, aquele que se possui passa a ter condições de receber visita.

Luciana de Almeida Félix




Tear

Tecendo está meu tear, telas para meu uso e telas que não irei usar. 

Somos semelhantes às tramas dos teares. Os fios entrelaçam para juntos formarem o tecido. Em suas cores diversas, elas não deixam de ser o que são; apenas entram na trama que comporá o todo.

Luciana de Almeida Félix