terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Testemunho do silêncio



A boa palavra se alimenta de silêncios e pausas.
Convivo com elas, antes de pronunciá-las,
sugerindo à mim e aos outros significados precisos, sem desperdícios, e que na hora certa acabamos usando-as com tanta ternura. 
A fala, ora é ouvida como discurso depreciativo.
Não é inteligente jogar palavras a quem não quer ouvir.
A surdez da espera é a única sinfonia que ainda não foi composta.
E por mais que tentamos, causa contragosto, incômodo e não alívio.
Sensação desagradável.
Quando os dizeres ganham significados, o milagre do encontro acontece, mas isso  será recíproco, nem que seja provisório.
É o conhecimento de uma vida com suas saliências e reentrâncias, com seus sabores e estranhamentos.
...

...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Retalhos da nossa tessitura


Não é correto nos apequenarmos diante das recusas.
O que amargura um lábio ou vagueza nos olhos,
não é o tempo, mas o que fazemos com ele.
Embrutecemos porque negligenciamos a nossa essência.
Entregarmos ao tempo sem ousar desafiá-lo, não alinha a sensibilidade.
Saber juntar os retalhos, os cacos de nossas desconstruções,
sozinhos ou não, porque a força maior que habitam sons e silêncios, haverá de rearrumar a casa e abrir os salões do acolhimento.






Vir a Ser


Eu procuro por mim .
Eu procuro por tudo o que é meu
e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber
que ainda não sei,
mas que de alguma forma já sabe em mim.
Eu sou assim...
processo constante de vir a ser.
O que sou e ainda serei
são verbos que se conjugam
sob áurea de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.
Movimento que não termina
porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.