sábado, 12 de novembro de 2011

Metade


Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito, não tape meus ouvidos e a boca, porque metade de mim é o que grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que entristeça.
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado, mesmo que distante, porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor. Apenas respeitadas,
como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos, porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço, e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso, a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância, porque metade de mim é lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer, porque metade de mim é a platéia a outra metade é canção,
e que, a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também.

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