quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Nicho feminino



Habita em mim, uma mona!
Não a mona Da Vinci, de sorriso enigmático, obra prima da eternidade.
Habita em mim, a mona simples mulher!
Não a mona Amélia de Ataulfo Alves e Mário Lago,
Que aceita toda sorte de privação sem reclamar, por seu homem amar.
Habita em mim, uma mona simples mulher!
Mas ciente de deveres e direitos, atenta a defender a jus de outra qualquer.
Habita em mim, a mona mulher dedicação!
Dotada de sentimentos femininos, carinho compreensão.
Habita em mim, a mona dona, não a “Dona” título honorífico real
Mas a que tem domínio, senhora de alguma coisa, dona mãe, dona amante, dona mulher.
Habita em mim, uma mona!
Não como a “mulher de Cesar” com imperial reputação inatacável
Mas como a mona mulher comum ativa
Que chora seus medos ama seus afetos e enfrenta seus embates de vida.
Habita em mim, uma mona!
Não a fêmea do mono, nem a boneca de pano feita de ilusão
Mas a mulher prenhe de sentimentos e pronta a luta travar, em sua própria razão e emoção

2 comentários:

  1. Lu, não sei se já conheces este texto.
    Hoje, desbravando as palavras da Lya Luft, por quem estou en-can-ta-da, não tinha como não te mostrar isto:

    Canção das Mulheres

    Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
    Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
    Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
    Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
    Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
    Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
    Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
    Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
    Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
    Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
    Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
    Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”
    Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”
    Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
    Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
    Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher.

    [Lya Luft]

    Desejando-te toda a felicidade deste mundo.

    Um beijo.

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  2. Outro texto que me remeteu ao DNA feminino...

    "Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela".

    [Anais Nin]

    Beijos.

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