domingo, 8 de agosto de 2010

A minha Pãe

Descansa no meu colo tua cabeça de mulher. Deixa que eu seja a tua mãe, ainda que por instante. Vivamos o parto às avessas. Eu, que sou tua filha, por ora quero ser tua mãe. Só pra ter o prazer de te ver menina tão cheia de sonhos. Só para puxar os teus cabelos e nele colocar laços bordados de alegrias. Cores de tempos antigos, distantes, quando nem imaginavas que um dia eu seria a tua filha. Fica quietinha por aqui. Permita que eu cuide de tuas coisas, teu guarda-roupas tão cheio de desordens, não importa. O remédio eu trarei, teu alimento eu plantarei, e ajeitarei o teu travesseiro de um jeito que gostes. Só para descobrir a alegria de reverter os poderes do tempo, inverter a ordem dos fatos. Só pra ter a graça de te chamar de minha filha, minha menina, minha mainha. Só para ter a graça de evitar teus choros futuros, tuas dores constantes, teus medos tão delicados. Medo de me perder, de que eu morra antes da hora, e de que não estejas por perto no momento em que eu precisar de tua mão, como no passado, quando me conduzias contigo, como se fossemos um só, um nó de gente, amarrado e costurado no amor que sobrava do teu peito. Amor que Deus esqueceu no mundo e que eu vi de perto, quando o sofrimento entrou pela janela de tua casa, e mesmo vendo partir as carnes que nasceram do teu ventre, o teu olhar me encoraja a não desanimar da vida. E juntas, seguimos atadas pela estrada, que é feita de sonhos, de tristezas e de risos.
Mainha querida, FELIZ DIA DOS PAIS!

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